segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Estrada Idílica



Na estrada do sol,
Na estrada idílica,
Passam casas e seus
jardins matinais,
Passam ruas,
pontes, asas,
chuvas, ventos...
As aleias e o aroma acre
de frutos fermentados,
Cadáveres putrefatos
de animais lacerados.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Natal Triste



Um abutre espreita a morte agonizante
de fome de mais uma criança africana,
abandonada à própria sorte,
A famigerada indústria armamentista
recrudesce...
Milhões de refugiados das guerras,
da fome e da sede,
São submetidos a uma Via Sacra
de humilhações,
Há poderosas Nações e suntuosas
Catedrais,
Há tráficos, há luxúrias e há traições,
Há misérias e injustiças de todos
os matizes,
Mas há esperanças:
Os que têm sede e fome de justiça,
jamais desistirão.
O tempo dirá...

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A Nossos Pais



Obrigado Mãezinha,
Por ter nos gerado em teu ventre,
Quando pequenos, nos nutria
em teus doces seios.
Fostes uma mãe extremosa,
Vigiavas noite e dia,
E apesar da carga que recaia
sobre teus ombros,
Ainda fostes pacientes
com nosso Pai...


Obrigado Pai,
pelas  noites insone
Muitas vezes não compreendíamos
tuas ânsia e fragilidades,
Mas também fostes um pai
e um esposo zeloso.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Rouxinol



Canta pequeno rouxinol,
Por entre as frondes refrescantes,
Que teu vigoroso canto encanta,
Afasta as tristezas
E causa prazer.
Acaso


Sem perceber você me conquistou,
Quando acaso por mim passou,
Um simples gesto me tocou,
Mas você nem sequer notou.
Caminhos



São muitos os caminhos,
Caminhos que se aproximam,
Caminhos que se afastam,
Caminhos que se perdem
na imensidão dos espaços...


Caminhamos, caminhamos,
E deixamos muitas lembranças para trás,
Lembranças que passam com um silêncio de nuvens,
que se perdem no labirinto de nossas mentes confusas,
Lembranças que ficam marcadas, como marcas
de sangue em um muro de cal...
No decorrer desses anos varridos pelos ventos,
muitas lembranças ficam gravadas na poeira
das estradas de nossa longa caminhada,
E permanecem vivas na memória
para sempre.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Anima



Não vivemos tudo de uma vez,
Vivemos aos poucos,
Como gotas de um placebo
Até que chegue o clímax...

O tempo é o mestre da felicidade.

Não morremos de uma só vez,
Morremos aos poucos,
Como gotas de tânatos,
Até que desperte a anima.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

of/on


of of of of of of
of of of of of of
of of of of of of
of of of of of of
of of of of of on

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Alma Azul



Minha alma é azul,
Minha alma é azul
como a flor púrpura,
Minha alma é azul
 e gelada,
como o azul Polar,
Minha  alma é azul
como o mar profundo,
Minha alma é azul
como o azul estelar,
Minha alma é triste
como um Blue,
Minha alma é azul
como um avatar,
Minha alma é azul
como Krishna,
A minha alma é azul.


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Lago Cuniã


Cuniã é festa,
A natureza sem modéstias,
Onde a exuberância impera,
Como Cuniã
Não há tão belo!
Paz na Tribo



As estipes retilíneas das palmas,
qual flechas no chão,
As copas eretas, como cocares
emplumados,
Os túrgidos frutos pendentes
nos cachos, como túrgidos
seios das nativas...
As cunhãs acompanham os guerreiros
na dança Ritual,
Celebrando a fertilidade da tribo
e a colheita dos frutos...
Enquanto o sol escarlate
como o urucum,
d'oura a copa das árvores
e os corpos morenos adornados,
Os curumins recreiam
na água límpida do rio.
 




segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O Pequeno Vilarejo


Os moradores do pequeno vilarejo,
viviam entediados com a pasmaceira.
Lembro-me que os antigos caminhões,
ainda eram acionados à manivelas...
Quando chegaram os primeiros caminhões
mercedes 'cara chata', causaram admiração,
Chico Sales ganhara a alcunha de Chico Fubica,
porque gostava de dirigir seu modelo
DKV fumacento,
O primeiro Oriental que ali aportara,
um 'viajante', pobre homem,
todos queriam admirá-lo!
Quando o caminhão amarelo dos Correios
passava na estrada, despertava
recordações dos que partiram
para bem longe...
Quando o carro da Laranjada chegava,
causava animação no pequeno vilarejo.



domingo, 4 de outubro de 2015

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Os Urupês



Quando umedece o jardim
Os urupês afloram,
Sobre os troncos enegrecidos
e apodrecidos,
Sobre as sarças,
Sobre os paus
Sobre a relva.
Os urupês são tânatos,
são florações amorfas,
transgênicas,
mórbidas, e tóxicas,
Mas são vitais
para os ciclos do jardim.



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Pai Joaquim


Pai Joaquim socorre os aflitos
Pai Joaquim conhece a dor
Pai Joaquim cura as feridas
Pai Joaquim é um Benfeitor.

As Fontes


As pequenas fontes
são como pequenos veios
que brotam do coração da terra,
são como pétalas que brotam
do seio da Mãe Terra,
são como fios translúcidos,
de um translúcido Véu de Noivas,
Que seguem seu curso,
cumprindo os Ritos,
irrigando os frutos,
fomentando vidas,
Que se avolumam formando
enormes cataratas,
como enormes Catedrais,
que tocam a Sinfonia das Águas...
E continuam seu curso,
até repousarem tranquilas,
no leito dos Lagos,
ou no fundo dos Mares,
Retornando ao seio da Mãe Terra.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

T V



T V T V T V T V
V T V T V T V T
T V T V T V T  V
V T V T V T  V T


T V V T T V V T

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

São Francisco




São Francisco de Assis, tão-humilde,
Pedia esmolas para distribui-las aos pobres.
Com as próprias mãos, reconstruiu a pequena
ermida de pedras abandonada,
para doar indulgências aos mais pobres,
mais humildes, e perdidos.
Santa Clara e seus discípulos o seguiram...
Era irmão da natureza e dos animais,
e na passagem do advento do Natal,
montava presepes, para louvar
o natalício do Menino Jesus.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Esperando Van Gogh



Os ipês amarelos floridos
dispersos na paisagem,
Os pássaros coloridos sobrevoando
o cinério céu,
Os cinquenta tons de cinza
da charneca,
E o sol escarlate
Parece que estão esperando Van Gogh. 
Sinto Frio



Sinto frio,
O meu corpo sente um frêmito,
Sinto um frio interior,
Que vem da minha alma
azul e gelada.
Sinto frio,
E as minhas endorfinas não respondem,
E não há nada, nadaque me reanime...
Fico em silêncio,
E somente o silêncio me faz
companhia.

sábado, 29 de agosto de 2015

A Dor



A dor do Horto,
A dor no madeiro,
A dor mais lancinante...
A dor de um decrépito lupanar,
A dor do negro chorume dos mendigos,
A dor da negra solidão,
A dor da fria indiferença,
A dor mais lancinante,
A dor mais secreta:
A dor de si mesmo;
A dor do mais profundo amor.

sábado, 22 de agosto de 2015

Índia


Sinto o chapinhar das águas do rio sagrado,
Como o poeta Tagore descreveu em seus versos místicos.
O Ganges Sagrado dispersa as cinzas dos corpos
dos Brâmanes e das castas,
Cremados em sua margem, com as essências do lenho verde
das doces mangueiras,
Multiplicando no solo fértil os edules frutos.
A Índia milenar cultua suas divindades nos altares familiares,
Certos de que a Verdade venha dos sentidos,
e que tudo já preexiste,
Certos de que a riqueza material não é superior
à riqueza espiritual.
A espiritualidade da Índia nos legou Gandhi para a humanidade,
Nos legou Madre Tereza de Calcutá para a caridade.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Marley



Dear Marley,
I know, the heart is hurted,
Something are coming,
Some people need human rights,
Some people need equal right,
Some people stay crying...
I know,
I believe,
Reggae is soul,
Reggae is rebel,
Reggae is fight.
The time will tell.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Velho Alquimista


Velho Alquimista, Raul,
O que trazes no teu velho baú?
Seria o cálice do Santo Graal,
Ou seria a Pedra Filosofal?
Seriam antigos candelabros,
Ou seria os mistérios dos velhos Sábios?
Seriam  afiados dentes de tubarão,
Ou seria a filosofia de Schopenhauer?...
Velho Alquimista Raul,
As bestas do apocalipse
Já estão vomitando,
Pois o último trem
Já está chegando.

O Azul



A minha cor é o azul.
O azul do firmamento,
O azul do planeta azul,
O azul do mar profundo,
O azul da flor púrpura,
O azul do lago azul,
O azul do azul polar,
 O azul da minha alma,
O azul de minha vida.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

#LinguaAikanã*


nûje dirikadekiizaê
keza dirikadekiiharekaê
didineriodê
didirikapeê.

coloquei um remendo na roupa,
vou colocar um remendo na casa,
o céu está nublado,
o chão está sujo de terra.


hiba hayine dirikapeê
dirikariê
ewarimeê, diriri'ê!
emiikameê!


sentei naquela pedra,
estou sentado,
você está em pé, sente-se!
repousa!


ite erioakê
tara erioariheê
amãete arime erioaheê
i'iweye xerikaê
erioakadiikaê
erikamukezazahaê
derikamuê
derinema hina biite erioaxataxanaê.


eu vivo aqui,
há muitos bichos na mata,
a anta vive na mata,
nós temos medo de onça...
fiquei para trás...
a onça me espantou,
tenho medo de ir lá,
não ficaremos aqui amanhã!
 
*Dicionário da Língua Aikanã



quinta-feira, 6 de agosto de 2015

It.
Êxtase


Como florescem as cerejeiras no Japão,
As pétalas do cedro rosa florido, caem
Como pétalas de neve no inverno,
Como as gotas de uma chuva púrpura
 Exalando sua fragrância pelo ar...
Em êxtase, senti a leveza de uma pétala
Que caia, pairando sobre minha mão.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Quarto de Lua



Manhã de abril,
Céu de anil,
Através da vidraça,
A luz irradia
Nosso quarto;


A lua branca
E o teu corpo nu,
Se confundem,
No firmamento azul
Dos lençóis 




quinta-feira, 23 de julho de 2015

Onde Estiver


Onde estiver, nunca me sentirei sozinho:
Plantarei um jardim e cuidarei, para que
Não murchem as flores, nem sequem as folhas;
Então virão os pássaros cantores e os alimentarei,
Virão os insetos atraídos pelo néctar das flores,
Virá a chuva e os ventos a balouçar ramos...
Então sentirei o aroma das flores
E não me sentirei sozinho.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A Linguagem do Amor



A linguagem do amor
É como a linguagem dos surdos,
Para poder compreende-la,
É preciso entender os seus sinais,
Pois ela se traduz mais pelos gestos
E o olhar, do que por palavras,
Quando sonho contigo acordado
Logo vem na mente a tua imagem
Aquele decote preferido
O cabelo em desalinho
O olhar de águas cristalinas
E o teu charme que fascina.
Como você é bela!
Como você é linda
O teu sorriso fascina
O teu charme discreto
O teu jeito simples
Você encarna a perfeição
Da beleza feminina.

Brigamos
Mas porque acabarmos tudo agora
Se estamos apenas começando
Mesmo após tantos anos
Cada vez recomeçamos
Cada vez que brigamos
O amor vai aumentando
O nosso amor não tem tamanho

Tempo



Tempo para nascer,
Tempo para crescer,
Tempo para sorrir,
Tempo para florir,
Tempo tão-efêmero;
Tempo para viver...

Avós



Vô Enoque era caboclo,
Vó Laura era branca,
Vó Ana morreu de parto,
Vó Antonia era madrasta ;
Vô Chiquinho Leal,
De Ray ban original.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Os Pássaros



Me fascinam, imensamente, os pássaros...
A diversidade de plumagens e cantos,
A simetria das cores,
O vigor físico ao alçar o voo,
A leveza no sobrevoo,
E o espírito de liberdade que fascina.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Cidade Tórrida


A cidade arde sob o sol do meio dia,
Labaredas de vapor sobem das calçadas,
Os telhados de amianto, quase em chamas,
As pessoas se refugiam nas pequenas casas;
Na cidade tórrida não existem árvores.

sábado, 18 de julho de 2015

John


John,
Eu imagino um mundo sem fronteiras,
Um mundo sem guerras,
Um mundo de paz.
Um mundo com mais solidariedade,
Um mundo com mais amor;
Eu imagino um mundo melhor.

Fujo da paz furiosa da cidade
E me refugio na margem calma do rio:

Enquanto as águas passam arrastando
As imundícies da cidade,

O rio corre indubitavelmente
Sobre seu leito manso,

Levando consigo uma esperança, de que
Alguma semente brotará em algum remanso;



Fujo do mundo, lá fora
E me refugio na caverna interior:
Quero a paz do silêncio,
Busco refugio na solidão,
Mas não me sinto só;
Me sinto em paz!


terça-feira, 14 de julho de 2015

A Velha Casa


Vejam,
Aquela velha casa abandonada,
Com as janelas e as portas cerradas!...
Para onde foram as pessoas
que ali viviam?
Será que conquistaram novas terras?
Será que levavam consigo,
esperanças ou desilusões?
Será que um dia retornarão
a este local ermo?
Será que a velha casa resistirá ao tempo?
Ou será que restarão apenas ruínas...

Primavera


Há um deslumbramento de cores e tons,
Então há o jardim,
E há o burburinho dos pássaros.
Há fragrâncias exalando pelo ar,
São as Musas exalando seus perfumes,
Há um rufar de asas, um ciciar,
São as Ninfas confabulando,
Disfarçadas de borboletas.
Os zangões emasculam as espigas,
São Sátiros disfarçados,
Assediando as ninfas.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Se o pensamento parasse,
Se o corpo levitasse,
Se os ventos soprassem,
Se o mar revolto acalmasse,
Se a chuva murmurasse,
Se as estrelas calassem;
Se o tempo parasse...

sábado, 11 de julho de 2015

 Jardim das Acácias


Quero descansar no Jardim das Acácias,
Caminhar descalço sobre a relva.
Respirar a suave brisa da manhã,
Mergulhar na água límpida da fonte.
Quero dormir e acordar
No Jardim das Acácias,
Lá não existe tempo e nem horas,
No Jardim das Acácias
Eu tenho paz.
Fim de semana na periferia,
O futebol no campinho,
Os meninos soltam pipas,
Os fiéis cantam hinos,
Pessoas indo e vindo.
Homens bebendo no bolicho,
Os cães vadios removem o lixo.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Transe



Fogo de fornalha      quente
Chão de brasas        ardente
Mãos e pés              dormentes
E mente                   demente.
Mergulhei no azul dos teus olhos,
Como o azul de uma límpida piscina,
Debati, nadei, tentei sair,
Mas foi em vão;
Me afoguei no teu olhar...

A operária



A tez lívida, e púrpura
Contrastava,
Com a camponesa robusta,
Que ora pouco trabalhava.
Morreu pobre,
Sem assistência,
Semialfabetizada.
Tinha sonhos,
Mas foram todos
Soterrados...

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A cor Púrpura



Gente de tez púrpura,
De fibra resistente,
Gente generosa
Que tudo suporta;
Mas não se dobra.

domingo, 28 de junho de 2015

O Sal de Minas



Minas das minas gerais,
O sal e a terra de Minas,
Negro pobre, mulatos e índios,
A opressão, é a escravidão
De nossos dias...
Minas, quanto do teu sal
Veio do suor das minas?




MPB



Raul, a tua voz sempre será
Afiada como dente de tubarão.
Cazuza, a voz emblemática
Deste país enigmático.
Renato, a tua revolta
É nossa indignação...
Chiquinha (Gonzaga),
Além de seu tempo;
Pixinguinha, um Clássico;
Erivelto, Adoniran,
Cartola, Noel Rosas,
Zé Keti, Moreira da
Silva, Tom Jobim,
Vinicius, Gozaguinha
(Luiz), Jackson do
Pandeiro, Cássia Eller...
Compõem a Grande
Lista, dos que já se
Foram...




sexta-feira, 26 de junho de 2015

Onde houver um jardim,
Haverão flores,
Haverá cores,
Haverá insetos
Polinizando as flores,
Haverá frescor...
Haverão borboletas coloridas,
Sugando o néctar,
Refletindo as cores;
Haverá o verde:
Haverá vida.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

África



Baobás sagrados,
Savanas, safáris
Negro pobre,
Escravidão,
Genocídio.
Cartola,
Bob Marley,
Tambores,
Lamento.
Zumbi,
Luther King,
Mandela...
Resistência..

terça-feira, 16 de junho de 2015

O tempo passa
E as pessoas vão,
Mas a vida fica.
Daquela vida fatigada,
Ficaram as lembranças,
Ficou a casa
Com seu poço verde,
Ficou o jardim,
E ficaram os pássaros
Cantando...
Mussambê


Libertas qual será támen .
A vida se desenrolava
Naquelas paragens desoladas,
Premida entre medos e lendas,
Aquela gente era engendrada,
Os folguedos e os apetrechos
Pelos os mesmos eram forjados,
Os espectros na luminosidade,
Por ruas empoeiradas caminhavam...
Os saltimbancos o pequeno circo anunciavam,
O velho leão enjaulado desfilavam,
Os retirantes à pé passavam,
À sombra da figueira repousavam,
Os ciganos em lonas acampados,
O sino na capela repicava,
Um céu de anjinho anunciava...
Presas às sebes as alimárias descansavam
As vivendas e as casas geminadas,
Nas soleiras os pedintes mendigavam,
A honra  no fio da navalha,
Exangue a vítima agonizava,
Entre barracas de víveres,
Os homens faziam escambos,
Outros arriscavam a sorte no carteado,
No alpendre os bodes eram esfolados,
No cimo os grifos sobrevoavam,
O Alquimista sem pudor alardeava,
As falsas virtudes do emplastro,
Para a gente crédula que cerceava,
Havia o índio dançarino da praça,
Havia o escrevinhador de cartas,
Havia o enfeitiçador de cobras,
Havia o domador de cavalos,
Porém os muares recalcitravam,
Os asnos se resignavam...
Montados nas cavalgaduras viajavam,
Nos alforjes o farnel levavam,
Em caravanas para o Santuário  partiam,
As últimas esperanças
Daquela gente estropiada,
No imaginário a memória viva do cangaço
E das estiagens históricas que assolaram,
O Menestrel entoava os versos,
O aboio e as cantorias ecoavam,
Os cavalheiros e os ginetes encilhados,
As novas gerações se metamorfoseavam,
Como sátiros nos bosques virilizados,
No Paço Municipal o Ouvidor discursava,
Falando num linguajar errado,
A horda famélica sitiava,
A urbe em pavorosa em transe entrava,
A política local conspirava,
Entre escaramuças e ciladas,
A ave rapasse espreitava a cria,
A víbora sibilava atrás da silva,
O sol mergulhava no nadir,
A estepe abrasava em fogo...
Mas algo pressuroso  aconteceu...
Na borda úmida do açude,
A flor branca do mussambê floresceu,br /> Que as mulheres suas madeixas enfeitavam,
As roupas quaravam nos varais,
A andorinha Lanvandeira adejava...
As latrinas abertas infectavam,
Muitas vidas eram dizimadas,
Os Macróbios vegetavam,
O Hierofante profetizava,
Os manuscritos nos incunábulos selados,
Os Arcontes sentenciavam,
Os Taumaturgos curavam,
As Vestais entoavam os cânticos,
As Benzendeiras rezavam...











Cidade da Paz


Na cidade da paz, não existem muros,
Não há fome, frio, nem abandono;
Não há assaltos, nem violências;
Nela prevalece a paz,
Nela predomina a justiça.

domingo, 14 de junho de 2015

Se pudesse roubava te um beijo,
Entraria furtivamente no teu quarto,
Fugiríamos para um lugar distante...
Cometeria desatinos, nem que fosse,
Prá ficar contigo, apenas um instante.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Quero cantar o amor sem dor.
Sem mágoas, sem ressentimentos:
O amor compartilhado,
O amor vivenciado;
O verdadeiro amor.

 Reprise


Quero a reprise desse amor,
Te mar como daquela vez,
Sentir de novo aquele perfume,
Mergulhar no teu seio,
Me envolver em volúpias,
Me embriagar, perder o rumo...
Quero você de volta para mim.

Encantamento



Parece que há um encantamento,
Quando sinto a tua presença:
O céu escuro volta a brilhar,
Uma fragrância se espelha pelo ar,
As águas revoltas serenam,
Acalma a fúria dos ventos;
Quando você está presente.

terça-feira, 9 de junho de 2015

I saw


I saw a beggar solding one crucifix
And  Christ was more unhappy.
I saw Jimi in cloud
And I saw Michael desolation.
I saw Marley annoyed,
And I saw John killed,
I saw,



Primeiras Águas


Nuvens escuras se formam com o mormaço,
Raios e trovões agitam a tarde,
Depois vem a chuva, e tudo se acalma...


O cheiro da terra molhada,
Traduz a alma lavada,
E as esperanças se renovam,
Com a chegada das primeira águas.

domingo, 7 de junho de 2015

 Setembro


 A terra ressequida e o mato cinzento,
Os troncos retorcidos e os ramos espinhentos,
As sebes margeando os caminhos poeirentos,
Me lembram, o vento e a palha de setembro;


As gípsias capelas e as pequenas casas,
Dispersas nos confins da paisagem árida,
As cigarras zumbindo no meio dia trêmulo...
Tudo lembra, o vento e a palha de setembro.



sábado, 6 de junho de 2015

Catarse


Sinto catarse, o meu corpo freme,
Sem ferida, sangra, por que será?
Será a dor do Outro,
Que dói em mim?...


Mas alma pede refrigérios,
Quero a grama fresca,
A brisa, o jardim,
A chuva púrpura
E o arco-íris de neon,
A substância pura
De ossos calcinados.
          

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Blue Planet



I hope the peace of children smiling,
I hope one word without war,
I hope one world without hanger,
Without pollution, without ambiental degradation,
I hope this planet every blue.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

A solidão do universo infinito,
A solidão das estrelas,
A solidão das noites frias,
A solidão do quarto vazio;
A solidão dos esquecidos.
Viagens



Quando é noite enluarada,
Me embriago,
Flutuo no ar,
Faço longas viagens...

Sobrevoo montanhas geladas,
Mergulho em mornas cachoeiras.
Caminhos sobre as ondas do mar
E vagueio entre campos verdejantes.
Vejo o mar à minha frente, vasto mar,
Saudades e lembranças, distantes vagam,
Vagas ondas, em brumas se desfazem;
Enormes blocos de nuvens sobre o mar.


Enquanto o sol posto, fortes cores traça,
O sopro constante dos ventos, na tarde ardente
Tecem cabelos enovelados na relva da praia;
Vagas lembranças me trazem o mar...


terça-feira, 2 de junho de 2015

Índigo



Não importa o tempo
Sigo com meu índigo
Pela estrada
Sigo devagar
Sem saber ao certo
Onde vou chegar
Não importa o tempo
Sigo com meu índigo
Em qualquer lugar
Minha pele queima
Mas sigo sem pressa
Sem saber ao certo
Onde vou chegar

domingo, 31 de maio de 2015

A chuva



A chuva murmurando sobre o telhado,
Escorre por entre os ramos,
Saturando as samambaias presas ao tronco
E as flores no jardim.
A chuva que trás essa calma...
O sol, que há instante Zás!
Eu, febril no quarto,
Os raios que estremecem a tarde
E os trovões, que longe ressoam.

sábado, 30 de maio de 2015

Os Ventos




Para onde sopram os ventos,
Levarão o pólen, e as sementes,
Seguirão as águas, e as correntes,
Voarão os pássaros, para o acasalamento;
Levarão, também, a força do meu pensamento.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Carlitos



Doce vagabundo, Carlitos,
Com chapéu coco e a bengala,
Perambulava, pelas ruas e becos do arrabalde;
No velho fraque, levava as migalhas.
Inepto para o trabalho, porém,
Tinha a docilidade suficiente para,
Confortar a pobre jovem infeliz,
Para adotar o garoto abandonado,
E para aquecer o frio,
Dos pobres vira-latas.
Estrela Vespertina



Ao entardecer,
Quando acalma a agitação do dia,
E o sol flamejante agoniza,
O céu se enche de cores fascinantes,
E as aves retornam em bandos para os ninhos,
Quando a sombra envolve a terra com seu manto;
Então surge cintilante, a estrela vespertina.
Jardim Secreto



Não consegui me furtar,
Do chilrear dos pássaros entrevendo
As primeiras claridades,
Dos aromas secretos do jardim,
Da leveza da flor no tênue ramo,
Da última estrela rutilante da manhã;
Dos conflitos diários,
Da vida lá fora
Que me arrastam.



quarta-feira, 27 de maio de 2015

Se estivesse submerso, no mais ínfimo do meu ser,
Em meio a uma imensa e desértica planície,
Na mais longa noite que houvesse...
Aí, quem sabe, me encontraria,
Quem sabe não estivesse sozinho.


Para aliviar a dor,
E não machucar por dentro,
Fiz um linimento,
Não pretendo chorar,
Mas se chorar;
Chorarei sozinho,
Em silêncio.

terça-feira, 26 de maio de 2015

O tempo passa devagar,
Nada vai mudar.
O dia a dia,
A mesma rotina,
Parece não ter fim
Essa melancolia:
Tédio, asco, ânsia...
Riacho Seco


A esperança era como o leito de um riacho seco,
Que se cavava, cavava, e nunca secava,
E cada ano no céu uma nova Estela surgia,
Na estepe os caminhos se encontravam,
Os mesmos pleitos quase sempre repetidos,
Os augúrios e os louros do ano vindouro...
E um vento norte pressuroso soprava
E tão logo  a enxurrada inopinada passasse,
O leito do riacho novamente secaria.

Estios

 
Venho de um tempo,
De sequidão e estios,
Um tempo de mãos ásperas
E palavras duras,
Um tempo de partidas
E despedidas,
Um tempo de provisões
E esperas...
De um tempo, onde
Se tiram esperanças
Das pedras.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Os Animais



Deixem em paz os animais.
Deixem os sensíveis peixes,
Debaixo do límpido espelho d'água,
Deixem os pássaros entoarem
A magnífica sinfonia,
Deixem os anfíbios, e os répteis...
Aquietem os animais ferozes.
Deixem em paz os animais.

domingo, 24 de maio de 2015

Na noite escura
A quietude, o silêncio,
A trégua das lutas irrefutáveis,
Quando a vigília adormece...
Quem sabe, Deus, murmure
Ás consciências adormecidas:
"O que fizestes para
Que o dia de amanhã
Te tornes melhor?"