terça-feira, 16 de junho de 2015

Mussambê


Libertas qual será támen .
A vida se desenrolava
Naquelas paragens desoladas,
Premida entre medos e lendas,
Aquela gente era engendrada,
Os folguedos e os apetrechos
Pelos os mesmos eram forjados,
Os espectros na luminosidade,
Por ruas empoeiradas caminhavam...
Os saltimbancos o pequeno circo anunciavam,
O velho leão enjaulado desfilavam,
Os retirantes à pé passavam,
À sombra da figueira repousavam,
Os ciganos em lonas acampados,
O sino na capela repicava,
Um céu de anjinho anunciava...
Presas às sebes as alimárias descansavam
As vivendas e as casas geminadas,
Nas soleiras os pedintes mendigavam,
A honra  no fio da navalha,
Exangue a vítima agonizava,
Entre barracas de víveres,
Os homens faziam escambos,
Outros arriscavam a sorte no carteado,
No alpendre os bodes eram esfolados,
No cimo os grifos sobrevoavam,
O Alquimista sem pudor alardeava,
As falsas virtudes do emplastro,
Para a gente crédula que cerceava,
Havia o índio dançarino da praça,
Havia o escrevinhador de cartas,
Havia o enfeitiçador de cobras,
Havia o domador de cavalos,
Porém os muares recalcitravam,
Os asnos se resignavam...
Montados nas cavalgaduras viajavam,
Nos alforjes o farnel levavam,
Em caravanas para o Santuário  partiam,
As últimas esperanças
Daquela gente estropiada,
No imaginário a memória viva do cangaço
E das estiagens históricas que assolaram,
O Menestrel entoava os versos,
O aboio e as cantorias ecoavam,
Os cavalheiros e os ginetes encilhados,
As novas gerações se metamorfoseavam,
Como sátiros nos bosques virilizados,
No Paço Municipal o Ouvidor discursava,
Falando num linguajar errado,
A horda famélica sitiava,
A urbe em pavorosa em transe entrava,
A política local conspirava,
Entre escaramuças e ciladas,
A ave rapasse espreitava a cria,
A víbora sibilava atrás da silva,
O sol mergulhava no nadir,
A estepe abrasava em fogo...
Mas algo pressuroso  aconteceu...
Na borda úmida do açude,
A flor branca do mussambê floresceu,br /> Que as mulheres suas madeixas enfeitavam,
As roupas quaravam nos varais,
A andorinha Lanvandeira adejava...
As latrinas abertas infectavam,
Muitas vidas eram dizimadas,
Os Macróbios vegetavam,
O Hierofante profetizava,
Os manuscritos nos incunábulos selados,
Os Arcontes sentenciavam,
Os Taumaturgos curavam,
As Vestais entoavam os cânticos,
As Benzendeiras rezavam...











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