domingo, 31 de maio de 2015

A chuva



A chuva murmurando sobre o telhado,
Escorre por entre os ramos,
Saturando as samambaias presas ao tronco
E as flores no jardim.
A chuva que trás essa calma...
O sol, que há instante Zás!
Eu, febril no quarto,
Os raios que estremecem a tarde
E os trovões, que longe ressoam.

sábado, 30 de maio de 2015

Os Ventos




Para onde sopram os ventos,
Levarão o pólen, e as sementes,
Seguirão as águas, e as correntes,
Voarão os pássaros, para o acasalamento;
Levarão, também, a força do meu pensamento.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Carlitos



Doce vagabundo, Carlitos,
Com chapéu coco e a bengala,
Perambulava, pelas ruas e becos do arrabalde;
No velho fraque, levava as migalhas.
Inepto para o trabalho, porém,
Tinha a docilidade suficiente para,
Confortar a pobre jovem infeliz,
Para adotar o garoto abandonado,
E para aquecer o frio,
Dos pobres vira-latas.
Estrela Vespertina



Ao entardecer,
Quando acalma a agitação do dia,
E o sol flamejante agoniza,
O céu se enche de cores fascinantes,
E as aves retornam em bandos para os ninhos,
Quando a sombra envolve a terra com seu manto;
Então surge cintilante, a estrela vespertina.
Jardim Secreto



Não consegui me furtar,
Do chilrear dos pássaros entrevendo
As primeiras claridades,
Dos aromas secretos do jardim,
Da leveza da flor no tênue ramo,
Da última estrela rutilante da manhã;
Dos conflitos diários,
Da vida lá fora
Que me arrastam.



quarta-feira, 27 de maio de 2015

Se estivesse submerso, no mais ínfimo do meu ser,
Em meio a uma imensa e desértica planície,
Na mais longa noite que houvesse...
Aí, quem sabe, me encontraria,
Quem sabe não estivesse sozinho.


Para aliviar a dor,
E não machucar por dentro,
Fiz um linimento,
Não pretendo chorar,
Mas se chorar;
Chorarei sozinho,
Em silêncio.

terça-feira, 26 de maio de 2015

O tempo passa devagar,
Nada vai mudar.
O dia a dia,
A mesma rotina,
Parece não ter fim
Essa melancolia:
Tédio, asco, ânsia...
Riacho Seco


A esperança era como o leito de um riacho seco,
Que se cavava, cavava, e nunca secava,
E cada ano no céu uma nova Estela surgia,
Na estepe os caminhos se encontravam,
Os mesmos pleitos quase sempre repetidos,
Os augúrios e os louros do ano vindouro...
E um vento norte pressuroso soprava
E tão logo  a enxurrada inopinada passasse,
O leito do riacho novamente secaria.

Estios

 
Venho de um tempo,
De sequidão e estios,
Um tempo de mãos ásperas
E palavras duras,
Um tempo de partidas
E despedidas,
Um tempo de provisões
E esperas...
De um tempo, onde
Se tiram esperanças
Das pedras.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Os Animais



Deixem em paz os animais.
Deixem os sensíveis peixes,
Debaixo do límpido espelho d'água,
Deixem os pássaros entoarem
A magnífica sinfonia,
Deixem os anfíbios, e os répteis...
Aquietem os animais ferozes.
Deixem em paz os animais.

domingo, 24 de maio de 2015

Na noite escura
A quietude, o silêncio,
A trégua das lutas irrefutáveis,
Quando a vigília adormece...
Quem sabe, Deus, murmure
Ás consciências adormecidas:
"O que fizestes para
Que o dia de amanhã
Te tornes melhor?"